Curso: Conselhos Escolares
Turma: Albatroz Real
Tutor: Roberto Fonseca
Atividade: AT 03.02 - Produção de Texto: As Concepções de Conhecimento na Escola
As Concepções de Conhecimento na Escola
Embora as escolas se proponham, na sua grande maioria, a formar cidadãos conscientes capazes de transformar o meio no qual vivem, conceito próprio da educação emancipadora, a visão de conhecimento como informação ainda prevalece. Existe uma lacuna entre a teoria e a prática e por ela se esvaem as boas intenções.
Porém, entre o medo de inovar e a necessidade da mudança, lentamente trilhamos o caminho que nos leva cada vez mais longe da dita educação bancária. Os alunos não são vistos como recurso, mercadoria e nem a finalidade primeira da educação é formar pessoas para o mercado de trabalho. Aliás, neste quesito, o Brasil carece de maior formação de sua mão de obra. Motivo pelo qual se fala tanto atualmente na expansão do ensino técnico, que também é necessária, mas precisa ser acompanhada pelo aumento da qualidade do ensino básico, da formação geral.
Os professores tentam na sala de aula construir o conhecimento com seus alunos, respeitar o saber acumulado por cada um, mas mesclam este comportamento com aqueles adquiridos na sua formação acadêmica que privilegia a mera transmissão de conteúdos. Esta ambivalência também pode ser observada nos grupos sociais dos quais participamos ou nas relações que se estabelecem na sociedade. Apesar da pregação da tolerância, do respeito às diferenças, ainda prevalece a força impositiva da maioria. Essa força, em grande medida, é capitaneada pelo capital. Este sim enxerga as pessoas como mercadoria. Para o capital a exclusão e a marginalidade são efeitos colaterais do desenvolvimento e a educação é uma das ferramentas de domesticação da força de trabalho.
As relações na sociedade estão em constante tensionamento devido às transformações que ocorrem no mundo atual. Vivemos na era da informação. As fontes de conhecimento se diversificaram e não é mais indispensável à presença do professor, na sala de aula, para termos acesso ao saber universal. O papel do professor e da escola, nesta nova realidade, precisa ser resignificado e esse é mais um dilema enfrentado pela educação.
A escola precisa reconhecer-se e definir o lugar que pretende ocupar na sociedade sob pena de reproduzir a estrutura existente em seu trabalho, mesmo desejando transformá-la. Os professores precisam de formação continuada para ampliar sua visão sobre o trabalho que executam e, desta forma, ajudar seus alunos a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos.
Conforme o Caderno 3 do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, “o conhecimento humano, vivo e dinâmico é parte da educação emancipadora porque fundamenta a autonomia e a autoria da prática histórica da pessoas na construção de um mundo justo, de relações de colaboração, co-responsabilidade e solidariedade,” (Caderno 3 - pag. 47). Este conhecimento construído a partir das inter-relações sociais e transmitido pelo grupo familiar e social do qual participamos molda nossa personalidade. Percebê-lo, respeitá-lo e complementá-lo com o saber universal dando condições de autonomia ao sujeito é a grande tarefa da educação.
Cabe ao conselho escolar provocar essas discussões, com a participação de todos os segmentos, para ir sedimentando as concepções de conhecimento, pessoa e sociedade que definirão a educação a ser implementada na escola. Esta definição teórico-pedagógica ajudará aos docentes na prática diária, para que direcionem seu trabalho com clareza visando atingir as metas estabelecidas. Desaparecendo a lacuna entre a teoria e a prática será possível implementarmos a educação de qualidade que nosso país necessita.
Referência:
PROGRAMA NACIONAL DOS CONSELHOS ESCOLARES. Conselho Escolar e o respeito e a valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade. Caderno 3 Ministério da Educação, Brasília – DF. Novembro, 2004.