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Seja benvindo!! Este blog nasce a partir de uma tarefa da Licenciatura em Educação do Campo que estou cursando a distância. Desejo que ele sirva para expor e compartilhar idéias, sentimentos,... Sinta-se em casa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As concepções de conhecimento na escola.

Curso: Conselhos Escolares
Turma: Albatroz Real
Tutor: Roberto Fonseca
Atividade: AT 03.02 - Produção de Texto: As Concepções de Conhecimento na Escola

As Concepções de Conhecimento na Escola

Embora as escolas se proponham, na sua grande maioria, a formar cidadãos conscientes capazes de transformar o meio no qual vivem, conceito próprio da educação emancipadora, a visão de conhecimento como informação ainda prevalece. Existe uma lacuna entre a teoria e a prática e por ela se esvaem as boas intenções.
Porém, entre o medo de inovar e a necessidade da mudança, lentamente trilhamos o caminho que nos leva cada vez mais longe da dita educação bancária. Os alunos não são vistos como recurso, mercadoria e nem a finalidade primeira da educação é formar pessoas para o mercado de trabalho. Aliás, neste quesito, o Brasil carece de maior formação de sua mão de obra. Motivo pelo qual se fala tanto atualmente na expansão do ensino técnico, que também é necessária, mas precisa ser acompanhada pelo aumento da qualidade do ensino básico, da formação geral.
Os professores tentam na sala de aula construir o conhecimento com seus alunos, respeitar o saber acumulado por cada um, mas mesclam este comportamento com aqueles adquiridos na sua formação acadêmica que privilegia a mera transmissão de conteúdos. Esta ambivalência também pode ser observada nos grupos sociais dos quais participamos ou nas relações que se estabelecem na sociedade. Apesar da pregação da tolerância, do respeito às diferenças, ainda prevalece a força impositiva da maioria. Essa força, em grande medida, é capitaneada pelo capital. Este sim enxerga as pessoas como mercadoria. Para o capital a exclusão e a marginalidade são efeitos colaterais do desenvolvimento e a educação é uma das ferramentas de domesticação da força de trabalho.
As relações na sociedade estão em constante tensionamento devido às transformações que ocorrem no mundo atual. Vivemos na era da informação. As fontes de conhecimento se diversificaram e não é mais indispensável à presença do professor, na sala de aula, para termos acesso ao saber universal. O papel do professor e da escola, nesta nova realidade, precisa ser resignificado e esse é mais um dilema enfrentado pela educação.
A escola precisa reconhecer-se e definir o lugar que pretende ocupar na sociedade sob pena de reproduzir a estrutura existente em seu trabalho, mesmo desejando transformá-la. Os professores precisam de formação continuada para ampliar sua visão sobre o trabalho que executam e, desta forma, ajudar seus alunos a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos.
Conforme o Caderno 3 do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, “o conhecimento humano, vivo e dinâmico é parte da educação emancipadora porque fundamenta a autonomia e a autoria da prática histórica da pessoas na construção de um mundo justo, de relações de colaboração, co-responsabilidade e solidariedade,” (Caderno 3 - pag. 47). Este conhecimento construído a partir das inter-relações sociais e transmitido pelo grupo familiar e social do qual participamos molda nossa personalidade. Percebê-lo, respeitá-lo e complementá-lo com o saber universal dando condições de autonomia ao sujeito é a grande tarefa da educação.
Cabe ao conselho escolar provocar essas discussões, com a participação de todos os segmentos, para ir sedimentando as concepções de conhecimento, pessoa e sociedade que definirão a educação a ser implementada na escola. Esta definição teórico-pedagógica ajudará aos docentes na prática diária, para que direcionem seu trabalho com clareza visando atingir as metas estabelecidas. Desaparecendo a lacuna entre a teoria e a prática será possível implementarmos a educação de qualidade que nosso país necessita.

Referência:
PROGRAMA NACIONAL DOS CONSELHOS ESCOLARES. Conselho Escolar e o respeito e a valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade. Caderno 3  Ministério da Educação, Brasília – DF. Novembro, 2004.

terça-feira, 7 de junho de 2011

RESENHA DO TEXTO DA PSICOPEDAGOGA ALICIA FERNÁNDEZ

Disciplina: Processos Educativos I
Atividade: Resenha relacionando o texto “Aprender é quase tão lindo quanto brincar” com a observação do organismo vivo proposta na semana 1.

O que pode nos ensinar um grão de feijão ou andar de bicicleta?
No capítulo 1 do livro “O Saber em Jogo” a psicopedagoga Alicia Fernández, a partir de um diálogo que escutou entre duas meninas, tece suas considerações sobre o aprender e o ensinar, introduzindo seu texto com uma das frases escutadas: ‘aprender é quase tão lindo quanto brincar’.  Para a autora,  aprender é ao mesmo tempo construir  conhecimentos e construir-se como sujeito pensante. Não é uma tarefa meramente cognitiva e sim, carregada de subjetividade, envolve a vontade, o desejo, que são seus motores  e resulta em satisfação que é o prazer da autoria.
Somos todos ensinantes e aprendentes e nesse processo vamos nos construindo como sujeitos de nossa história. É por este motivo que a experiência, aparentemente simples, de observar o desenvolvimento de um grão de feijão colocado em um recipiente sobre um chumaço de algodão, pode ter vários significados. Nesse pequeno espaço lúdico, movidos  pelo desejo de acompanharmos o que acontece a essa semente na presença de água e luz, o mundo vai se desvelando. E para cada aprendente o feijão pode trazer uma lição diferenciada. Este objeto-ensinante, no seu germinar, mostra muito mais do que suas raízes, cotilédones e folhas, mostra a vida desabrochando.
Enquanto sujeitos pensantes nesse experimento, estabelecemos o método, nos apropriamos dos conhecimentos biológicos e montamos este espaço de aprendizagem.  A observação do  (des)envolvimento  do feijão e as conclusões a  que posteriormente chegamos nos colocam também na condição de aprendentes.  Registramos as informações, o conhecimento, desse ser vivo que, assim como nós, nasce-germina e se desenvolve nas interações que estabelece com o meio.
A pesquisa como instrumento para situar o conhecimento a partir do qual se fará a investigação e a observação como ferramenta para ampliar esse conhecimento são os componentes dessa aventura. Mostram que não é difícil criar espaços lúdicos em sala de aula. Difícil talvez seja aproveitá-los adequadamente, nos colocando na condição de ensinantes/aprendentes, como propõe Alicia Fernàndez .
A cada aprendente o feijão pode conferir uma autoria pois sempre aprendemos algo com nossas vivências. A observação da germinação  do feijão, por analogia, nos remete ao desenvolvimento da vida e, consequentemente, ao nosso próprio desenvolvimento. Nós também precisamos suprir nossas necessidades básicas e somos moldados e moldamos o meio no qual estamos inseridos.
Assim como o feijão germinou na presença de luz e água, com as ferramentas e métodos adequados, nossos alunos serão exitosos no processo de aprendizagem. O trabalho realizado pelo professor  precisa estar fundado em princípios éticos que levem em consideração a subjetividade do seu aprendente e o respeito a sua historicidade e ao saber que adquiriu nas suas interações com o meio. Neste sentido não deve ocupar-se somente com a transmissão do conhecimento, como se seus alunos fossem meras esponjas prontas a absorvê-los. Antes, deve provocar em seus alunos o desejo, a vontade de aprender , envolvendo-os e se envolvendo no processo de aprendizagem. A ética, assim como a estética e o pensamento devem ser valorizados, uma vez que, como afirma Alicia, a inteligência se constrói em um espaço relacional e estes atributos permeiam os vínculos necessários à aprendizagem.
Assim como a autora construiu sua argumentação a partir de um diálogo no qual uma das interlocutoras falava sobre como aprendeu a andar de bicicleta, observar o desenvolvimento de um feijão também poderá trazer significações diversas. O professor ensinante/aprendente deve desenvolver sua capacidade de observar e estar atento aos movimentos que se processam e interferem no universo da sala de aula e das pequenas coisas extrair grandes ensinamentos.  Brincando de germinar um feijão aprendemos a observar o desenvolvimento da vida, inclusive, daquela que existe em nós. Para ensinar deverá também alimentar o seu próprio desejo de aprender e construir um vínculo afetivo com seus alunos, servindo como andaime nessa interação para que eles cresçam em conhecimento e estejam aptos a caminhar sozinhos.
Referência:
FERNÁNDEZ. Alicia. Aprender é quase tão lindo quanto brincar. Capítulo 1 do livro O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Trad. Neusa Kern Hickel, Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.